segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

2 - Viagem, chegada e primeiras impressões

Pois bem, vou então contar como foi a viagem e estas primeiras horas em Salvador...
A viagem, com a duração de 8h15, correu sem sobressaltos.
Tive a sorte de ficar sentado ao lado de Clerisson, de Salvador, com cerca de 35 anos, professor universitário de Psicologia. Tinha estado em Portugal e na Grécia, e regressava a casa após 2 semanas de ausência.
Passamos a viagem a falar e à chegada ofereceu-se para me levar ao Hotel Pestana Bahia. Lá aceitei, e fomos os 3 (eu, ele e a sua mulher, que entretanto nos tinha ido buscar ao aeroporto) a caminho do hotel. Durante a viagem, ele e a mulher decidiram que tinham que me mostrar a cidade, e então passamos mais de 1h a andar de carro, percorrendo toda a zona costeira da cidade, vendo todos os bairros e pontos principais. Haveria melhor forma de começar?
Pude constatar a existência de bairros absolutamente modernos (com prédios de largas dezenas de andares, espelhados, iluminados, etc), contrastando com bairros mais modestos, antigos e pobres...e a verdade é que uns e outros se sucediam sem qualquer ordem lógica aparente e separados por poucos metros.
Esta heterogeneidade que pude constatar, está presente também nas pessoas que habitam os bairros: os modernos e actuais, são maioritariamente habitados por brancos, com bons carros e um aspecto perfeitamente europeu; os bairros mais antigos e baixos, são habitados maioritariamente pela população negra, que perfaz cerca de 55% da cidade (25% mestiços, 20% brancos).
Aspecto comum a todos os bairros e todas as etnias? A alegria! (Nestas 24h que passaram desde que cheguei a Salvador, ainda só vi um homem com ar mal humorado e a protestar com alguma coisa. Coincidência ou não, era Alemão.)
Bem, depois da viagem e do inesperado passeio, cheguei ao hotel. Despedi-me, agradecendo, de Clerisson e da sua mulher, Renata. A resposta foi um bom prenuncio: "Não precisa de agradecer; na Bahia é assim!" Trocamos contactos e despedimo-nos novamente.
Após alguma confusão, devido ao facto de alguns documentos e confirmações não terem sido enviados a partir de Lisboa, lá me indicaram o quarto. Quando abri a porta, vi um quarto bastante grande, com uma varanda e...vista para o mar e para a piscina! Nada mau.
Arrumei as malas, troquei de roupa (andar de sapatos, calças e camisa é um desafio demasiado grande para eu poder aceitar) e, acompanhado pelos chinelos, pelos calções e por uma t-shirt rasca, lá fui para o centro do bairro Rio Vermelho, onde se localiza o hotel e de resto grande parte da boémia e animação de Salvador.
Caminhei pelas ruas apinhadas durante algum tempo, passando por milhares de pessoas na festa constante que é a sua vida. Ouvi as enormes aparelhagens instaladas nas malas de carros, um pouco por toda a parte, e ao redor das quais dezenas de pessoas se juntam a dançar espontanea e intuitivamente. Mesmo quem se mantém à distância, não resiste a abanar a anca ou levantar os pés...ainda que ao colo tenha uma criança, ou nos ombros um saco de gelo.
Parei numa barraquinha, escolhida completamente ao acaso entre as inúmeras que se vêem pelas ruas, e comi "abará", servido numa folha de papel. "Abará" é igual ao "acarajé", só que cozido ao vapor e não frito. E, perguntam-se certamente, o que é o "acarajé"? Pois bem, segundo a wikipedia, é uma especialidade da culinária afro-brasileira, "feito de massa de feijão-fradinho, cebola e sal, e servido com pimenta, camarão seco, vatapá, cururu e salada". ...Até poderia ir pesquisar o que raio é "vatapá" e "cururu" mas, inexplicavelmente, tenho a sensação de que a sua definição incluíria termos do mesmo género, cuja definição teria também termos do mesmo género, ..., e por aí fora. Portanto fiquemo-nos por aqui: é bastante bom! Ah, e custou 4reais...ou seja, cerca de 1,30€. O que, atendendo a que inclui uns 10 camarões pequenos, não é de todo caro! E por que a fome apertava, não me fiquei por ai: comi de seguida uma tapioca de frango e mozzarella ("mussarela", na escrita sui generis deste país!) A tapioca é uma espécie de panqueca, feita a partir da mandioca. Confesso que não fiquei fã.
De seguida vim para o hotel, pois tinha coisas para ver na internet e precisava urgentemente de descansar. Fui à internet, tomei um banho e fui dormir...não tão cedo quanto isso: 00h20, correspondentes às 3h20 de Portugal. (Tinha dormido 3 e 2h nas últimas 2 noites, o que me leva a crer que, com mais uns treinos, deixo de precisar de dormir!!!)
Para hoje tinha posto o despertador para as 8h; O cansaço fez-se sentir e só me conseguir levantar às 10h30. Bolas, 5h de sol que foram à vida.
Tinha planeado começar já hoje a procurar casa, mas questões de ordem semi-profissional não o permitiram: tive que aguardar na zona do hotel pelo contacto da responsável de Recursos Humanos, pelo que até às 15h30 me limitei a ir à internet, ver o mar e almoçar.
O almoço merece uma breve referência: comi picanha e bebi 3 copos de sumo natural de maracujá. Preços: dose de picanha: 13,90 reais; copo de sumo natural de maracujá: cerca de 2reais. Ou seja, picanha a 4,50€, sumo natural a 60centimos.
Às 15h30 tive a reunião com a Srª Adriana, que me confirmou que iria trabalhar no Hotel Pestana Convento do Carmo, em pleno Pelourinho. (A zona mais turistica da cidade). Ficou também de me ajudar a procurar casa e de se reunir comigo novamente amanhã.
Eram 16h30, faltando 1h30 para o pôr do sol. Tempo mais do que suficiente para ir vestir uns calções de banho, percorrer os longuissimos 100 metros que separam o hotel da praia e dar o primeiro mergulho no mar! Uma horinha na praia e novo passeio por Rio Vermelho, em plena festa do Iemanjá. (Uma espécie de divindade do mar, que inspira uma enorme festa em toda a cidade, sempre no dia 2 de Fevereiro).
Às 18h regressei ao hotel e decidi subir ao terraço-miradouro do 23º andar. Em boa hora o fiz: a vista é absolutamente espectacular, possibilitando uma panorâmica sobre Salvador, de uma ponta à outra, e sobre o mar infindável.
Entretanto regressei ao quarto, onde escrevo neste momento. Em breve vou sair para jantar e envolver-me um pouco na festa.
Deixo mais algumas fotos: uma da chegada de avião a Salvador, as restantes do terraço do 23º andar do hotel.
Até já!

Foto 2.1 - Chegada a Salvador, de aviao.


Vista do 23º andar do Pestana Bahia, da direita (norte) para a esquerda (sul) , ao anoitecer - sequência de 6 fotos.

Foto 2.2 - Vista do 23º andar do Pestana Bahia (1/6)


Foto 2.3 - Vista do 23º andar do Pestana Bahia (2/6)


2.3 - Vista do 23º andar do Pestana Bahia (3/6)


2.4 - Vista do 23º andar do Pestana Bahia (4/6)


2.5 - Vista do 23º andar do Pestana Bahia (5/6)


2.6 - Vista do 23º andar do Pestana Bahia (6/6)

1 comentário:

  1. Já comeste peixinho? :) Apesar de parecer impossivel acho que vais enjoar de picanha!!
    Aproveita o calor porque por aqui só há frio e chuva...
    Já pensaste que quando voltares 'ta verão aqui!? Isso é q vai ser bronze quase 365 dias ano!
    Beijinhos grandes!
    JU

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